A génese da Universidade de Macau (UM) remonta à criação da Universidade da Ásia Oriental (UAO) em Março de 1981. Em 1979, a Ricci Island West Ltd. recebeu do governo de Macau a concessão de um terreno, o que permitiu aos senhores Wong King Keung, Edward Woo Pak Hay e Peter Eng Yuk Lun fundarem a Universidade da Ásia Oriental, uma instituição privada. Sendo a primeira universidade moderna em Macau, a criação da UAO marcou o início do ensino superior moderno em Macau.
O professor Hsueh Shou Sheng foi o reitor fundador da UAO. A universidade adoptou a divisa “Humanidade, Integridade, Propriedade, Sabedoria e Sinceridade”, e seguia o sistema educativo britânico. Era composta pelo Colégio Universitário, Colégio Pré-Universitário e Colégio de Educação Contínua. No início, a maioria dos alunos vinha de Hong Kong. Com a assinatura da Declaração Conjunta Sino-Portuguesa em 1987, o governo português de Macau iniciou planos para transformar a UAO numa universidade pública, com o objectivo de formar profissionais e uma força de trabalho qualificada necessária durante o período de transição que antecedeu a transferência da administração do território. Naquela altura, a UAO era composta por cinco unidades, nomeadamente o Colégio Universitário, o Colégio Politécnico, o Colégio Pré-Universitário, o Colégio Aberto e o Colégio de Graduação.
Em 1988, o governo português de Macau adquiriu a UAO através da Fundação Macau e iniciou o processo de reestruturação da universidade e a revisão dos seus Estatutos. Esta reestruturação incluiu a criação de uma estrutura de governação composta por um Conselho da Universidade, um Conselho Consultivo e um Senado. O ano de 1989 marcou expansões e reorganizações significativas na universidade. A Faculdade de Letras, a Faculdade de Gestão de Empresas e a Faculdade de Ciências Sociais, que anteriormente faziam parte do Colégio Universitário, tornaram-se faculdades independentes. Além disso, foram estabelecidas a Faculdade de Ciências e Tecnologia e a Escola Superior de Educação, juntamente com novos programas de Direito e Administração Pública. Para promover a investigação académica, foi criada uma Comissão de Investigação sob a alçada do Senado. Em 1990, a universidade alterou os cursos de licenciatura de um sistema de três anos para um sistema de quatro anos. Em 1991, foi estabelecida a Faculdade de Direito. Nesse mesmo ano, a Universidade da Ásia Oriental foi renomeada Universidade de Macau, seguida pela promulgação dos Estatutos da Universidade de Macau em 1992.
Os meados da década de 1990 marcaram um período de rápido desenvolvimento para a UM. Em 1997, os programas de licenciatura e mestrado da universidade foram reconhecidos pelo Ministério da Educação de Portugal. Novas bolsas de estudo foram introduzidas para atrair alunos de destaque. A UM também fortaleceu os seus laços com a comunidade de Macau. A universidade assinou acordos de cooperação com instituições educativas, bem como com organizações públicas e privadas em Macau, para desenvolver conjuntamente programas académicos e projectos de investigação. Em 1999, antes da transferência da administração de Macau para a China, a UM já contava com 2.865 alunos a tempo inteiro, dos quais 539 eram estudantes de mestrado e doutoramento.
Em 1999, Macau regressou à China, marcando uma nova era, não só para a cidade, mas também para a UM. Com a missão de formar profissionais tão necessários após o período de transição, a UM entrou numa nova fase que apelava a uma mudança nas suas estratégias de desenvolvimento. Assim, a UM aumentou o número de disciplinas académicas, desenvolveu as infra-estruturas do campus, melhorou a qualidade do corpo docente e fortaleceu a sua capacidade de investigação. Lançou ainda uma série de novos cursos de licenciatura e de mestrado, reduziu as propinas e ofereceu bolsas de estudo a alunos excepcionais, assim como assistência financeira aos mais necessitados. Com a implementação destas novas estratégias, a qualidade dos alunos cresceu continuamente. Em 1999, a UM começou a implementar o Esquema de Admissão Directa Recomendada e, desde então, através deste esquema, já admitiu inúmeros alunos locais excepcionais do 12.º ano. Todos os estudantes locais cujo aproveitamento seja excelente podem candidatar-se à UM através deste esquema, com a possibilidade de conseguir bolsas de estudo.
Após o regresso de Macau à China, a liderança do governo da Região Administrativa Especial de Macau (RAEM) anteviu as oportunidades sem precedentes que aguardavam a cidade. O então Chefe do Executivo e o Secretário para os Assuntos Sociais e Cultura partilhavam da visão universal de que as universidades locais, nas quais o governo desempenhava um papel dominante, já tinham cumprido as suas missões históricas. Olhando para o futuro, Macau necessitava de uma universidade moderna, alinhada com as práticas e padrões internacionais — uma instituição que não só atendesse às necessidades dos residentes locais, mas que também estimulasse e inspirasse a comunidade a aproveitar as oportunidades internacionais e a enfrentar os desafios futuros. Para concretizar esta visão, logo após o regresso de Macau à China, o governo da RAEM encorajou a UM a proceder à revisão dos seus Estatutos. Em 2001, a UM reestruturou o seu Conselho da Universidade e nomeou um presidente. Em 2002, o governo da RAEM aprovou a criação de um Grupo de Trabalho para a Revisão dos Estatutos da UM, dando início oficial ao processo de revisão. O governo enfatizou que o objectivo da revisão dos Estatutos era transformar a UM numa instituição moderna, em conformidade com as práticas e padrões internacionais, e assegurar que o desenvolvimento da universidade estivesse alinhado com as necessidades futuras de Macau.
Após vários anos de discussão, consulta e estudo, o Regime Jurídico da Universidade de Macau foi aprovado pela Assembleia Legislativa de Macau, e o Chefe do Executivo aprovou os novos Estatutos da Universidade de Macau em 2006. No âmbito da nova estrutura de governação, o Conselho da Universidade actua como o mais alto órgão de governança para substituir a supervisão directa do governo da RAEM, o que vai ao encontro da prática internacional. A maior autonomia, liberdade académica e flexibilidade administrativa decorrente da revisão dos Estatutos resultaram num acelerar do desenvolvimento da UM nos últimos anos, transformando-a numa universidade moderna.
O ano de 2009 foi um marco importante no desenvolvimento da UM, pois foi nesse ano que o Comité Permanente da Assembleia Popular Nacional aprovou uma proposta que autorizava a construção de um novo campus na Ilha de Hengqin, na província de Guangdong, e delegava à RAEM o exercício de jurisdição sobre o campus, de acordo com a legislação da RAEM. A cerimónia de inauguração do novo campus em Hengqin foi realizada a 20 de Dezembro de 2009. Além disso, os governos central e da RAEM confiaram à UM uma missão maior: tornar-se uma universidade de nível mundial. O campus em Hengqin foi inaugurado em 2013, e a UM concluiu a sua mudança e começou a realizar todas as aulas lá em 2014.
Desde a mudança para o novo campus em Hengqin, a UM tem registado melhorias consistentes no seu corpo discente e nos seus padrões académicos. O número de alunos cresceu de pouco mais de 8.000 em 2014 para mais de 14.650 em 2024. A universidade também fez progressos notáveis na diversificação e expansão das suas iniciativas de investigação, o que reforçou a reputação global da instituição. Com a criação da Zona de Cooperação Aprofundada entre Guangdong e Macau em Hengqin, em 2021, a UM aproveitou novas oportunidades para expandir as suas infra-estruturas educacionais. Através do seu compromisso por uma educação de alta qualidade e centrada no estudante, por uma investigação de impacto em áreas-chave e por serviços comunitários de excelência, a UM aspira a tornar-se uma universidade de excelência reconhecida internacionalmente.